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Valorização de títulos públicos dos EUA eleva dólar no Brasil, afirma professor da FGV

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A manutenção dos juros altos e a valorização dos títulos públicos nos Estados Unidos estão entre as principais razões para a alta do dólar no Brasil. Essa avaliação é do professor de finanças da FGV, Renan Pieri.

“O aumento do dólar está diretamente relacionado à valorização dos títulos públicos americanos, impulsionada pela manutenção de juros elevados nos EUA e pela expectativa de um cenário eleitoral mais desafiador. Esses fatores atraem capital para os Estados Unidos, desviando investimentos do Brasil”, explicou Pieri.

Nesta terça-feira (2), o dólar comercial fechou em R$ 5,665, com um acréscimo de 0,22%. Esse é o maior valor desde 10 de janeiro de 2022, quando a moeda norte-americana fechou em R$ 5,67. Em 2024, o dólar já acumula uma alta de 16,8%.

Fatores internos também contribuem para a valorização do dólar, como a expectativa de cortes orçamentários para 2025 e o contingenciamento de verbas públicas para o orçamento deste ano, gerando incertezas no mercado financeiro.

“A situação fiscal do Brasil levanta dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir o novo arcabouço fiscal e o superávit primário, o que leva o mercado a exigir um prêmio maior para manter os investimentos no país”, destacou Pieri.

Segundo ele, se esse “prêmio” não se traduzir em juros mais altos, haverá uma saída de capital do país. “A saída de capital reflete a menor confiança dos investidores no futuro do Brasil a longo prazo”, afirmou.

Maria Malta, professora de economia política da UFRJ, destaca que a elevação do dólar também está relacionada a um jogo político pré-eleitoral, onde o setor financeiro busca influenciar a escolha do próximo presidente do Banco Central.

“Há uma disputa política em um contexto de avanço da extrema-direita global. O setor financeiro quer aumentar suas rendas e seu poder no país”, explicou Malta.

Ela acrescenta que a desvalorização do real pode ter aspectos positivos para a economia brasileira, como a melhora nas exportações, a redução dos custos internos da dívida pública e o estímulo ao crédito produtivo.

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